terça-feira, 29 de julho de 2008

Despedida

Vovó Marília sempre disse que a gente tem que criar o filho para o mundo e acho que mesmo cercada de cuidados e atenção, fui criada para o mundo. Claro que não percebia isso na minha rebelde adolescência, mas hoje vejo que foi assim.
Depois de quatro meses convivendo diariamente com você, chegou a hora de cortar o primeiro pedacinho do cordão umbilical emocional que permanece nos unindo.
Na verdade vamos considerar cinco, já que no nono mês da sua gravidez nas nossas conversas ao pé da barriga você já se apresentava cheio de personalidade me dizendo que estava muito bem obrigada, que não queria vir me conhecer de fora pra dentro e que a barriga e a famosa placenta estavam bem gostosinhas.
Não poderei jamais esquecer do seu cheiro nos 3 primeiros dias de nascido. Cheiro de barriga. O chorinho rouco e baixo na materidade naquela noite em que eu não te deixei nem por meio minuto, sabendo que mesmo sem te conhecer, saberia o que fazer para te acalentar. Arranquei a parte de cima da camisola e com a cabecinha pousada no meu peito você dormiu parte da sua primeira noite.
Durante o primeiro mês foi assim. A gente se conhecendo dia após dia e eu, sem ouvir a opinião de ninguém, tentava interpretar os teus sinais. Eu já te amava muito, mas não sabia direito o quanto.
No segundo mês ficamos eu e você. Eu me sentia muito poderosa e capaz de te cuidar sozinha e você começou a me dar afirmativas diárias de que eu estava certa. Esboçou o primeiro sorriso, demonstrava muito prazer nas nossas caminhadas no Parque Lage, ouvia as minhas estorinhas e musiquinhas animado e curioso.
No terceiro continuávamos nós dois por esse Jardim Botânico, de sling pra lá e prá cá, apaixonados e grudadinhos como os marsupiais. Foi o mês do tapetinho, de experimentar os brinquedinhos. Eu fiz amizade com outras mamães e você conheceu seus primeiros amiguinhos: Isabela, Beatriz, Rafael e Arthur. Tentei te acostumar a andar no carrinho ainda que tanto você quanto eu preferíssemos o sling... No entanto, eu precisava te preparar para quando eu não estivesse mais nessas manhãs ensolaradas de inverno. Também foi nesse mês que o papai tirou férias para ficar com a gente e de tão encantado caiu de gripe quando voltou ao trabalho.
Agora, prestes a completar quatro meses você me dá gargalhadas largas, adora quando te pego e deixo em pé, como um mini-humano, e mama, mama, mama sem parar. Daqui a dois dias, mamãe volta ao trabalho morta de medo de você não querer mais mamar no peito. Mesmo assim continuará a te dar o leite dela, mesmo que na mamadeira, tirando com bomba no trabalho, como se fosse você mamando o dia inteiro.
Sinto uma saudade que dói. Um aperto no peito, uma falta de ar. Não sei explicar e como você é menino, nunca vai mesmo vivenciar o que é isso. Dizem que todas as mães sentem isso, e eu mesma já ouvi muitas delas falarem... Talvez, no futuro, lendo esse post você diga a quem estiver a seu lado algo do tipo "minha mãe sempre foi assim, intensa... tudo pra ela é exagerado, é 8 ou 80"... e é mesmo. Foi assim que eu escolhi viver a minha vida, foi assim que eu e o seu pai fizemos você e é por isso que você veio assim grandão, lindo e tão querido. Este post é pra dizer que estes foram os melhores quatro meses de toda a minha vida. Também é pra dizer pra vovó Marília que criar filho pro mundo não é nada fácil... Também é pra dizer que nesses 4 meses construímos um amor indissolúvel, enorme e lindo. Sou uma pessoa diferente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Beatriz,

Me emocionei muito com o seu depoimento. Tive que fazer força para não chorar no meio do trabalho. Não sou mãe... mas imagino que deva ser um amor muito incondicional mesmo. Forte, Intenso...
Te desejo muito boa sorte no seu retorno para o trabalho.

abraços,
Renata

Unknown disse...

Bia minha norita muito amada, você me levou as lágrimas com o seu depoimento. Vai dar tudo certo e estamos aí para dar todo o apoio que o nosso neto precisar.
Muitos beijos,
Sogrita.

Nanda Gomes (www.blig.ig.com.br/reidavi) disse...

Bia,
Sou eu a Nanda, esposa do Digão, amigo do Dale. Estou aqui aos prantos totalmente descontrolada e emocionada com seu depoimento.
Simplesmente lindo!
Para mim, vc é um exemplo de mãe! Fora que ele tá lindo, mto lindo!
Parabéns. Um beijo

disse...

Tantas lágrimas quantas saudades...que lindo o João, é uma mistura perfeita entre Vasquez e Dale. Tão bem-vindo...Penso muito em vocês, entre uma reunião, uma viagem, um evento....nesse meu jeito de vida....tenha certeza que vocês fazem parte dele e que mando muito amor para esse menininho "de chumbo", muito amor...Muitos Beijos Rê