Me lembro de caçar sapos com meu tio Frederico no jardim da casa de Teresópolis. Lembro também das muitas tardes que passsei construindo barcos com as bóias de isopor da piscina e tábuas improvisadas que não sei de onde vinham para depois brincar no rio que corre no fundo da casa. O grande barato era que elas realmente flutuavam no rio e eu me achava a própria Indiana Jones… Na nascente do jardim eu via fadinhas escondidas no meio das babosas, e ficava ali muito tempo, nem sei dizer quanto, sozinha, imaginando que apareceriam muito mais criaturas fantásticas quando anoitecesse e eu tivesse que entrar em casa para tomar sopa no lanche.
Naquela época toda a água que bebíamos vinha dali, e tinha um gosto fresco de chuva.
Hoje desci a mesma escadinha de pedra, de mãos dadas com o João e com a Antônia aqui dentro. Disse a ele que veríamos a casa da bruxa, as fadinhas e com sorte, o sapo cururu. A água, que já não é mais potável, estava represada e a nascente entupida pelas raízes que cresceram nos últimos meses que estivemos sem caseiros. Isso foi ótimo, porque formou-se um laguinho cheio de musgo, folhas secas e GIRINOS! Arrumei um graveto bem comprido e deixei que ele ficasse no degrau mais próximo da água. Ele agitava o novo brinquedo na superfície e os girinos nadavam rapidinho, o que fazia o João dar gritos de excitação e alegria. Ficamos ali um tempão, distraídos com o graveto, a água, o peixe, o musgo, as formigas e as histórias que eu inventava. Eu fiquei feliz porque me via nele, e despertava sua curiosidade, fantasia e amor pela natureza. Todo sujo de terra, molhado de água de girino e musgo, ele também teve que subir as escadinhas para almoçar… Ele também não gostou de deixar as fadas, o sapo cururu e a fantasia daquela gruta encantada…
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